terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Hepatite

HEPATITE

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OBSERVAÇÕES
- somente 30% dos casos de hepatite aguda apresentam a forma clássica, associada à icterícia.
- o quadro clínico geralmente inicia com sintomas inespecíficos, tais como fadiga, anorexia, náuseas, vômitos, emagrecimento, febre baixa e dor em quadrante superior direito do abdomen; que duram cerca de 1 semana. Após esta fase, denominada de período prodrômico, os sintomas regridem parcial ou totalmente e surge a icterícia. A colúria geralmente precede, em um a dois dias, o surgimento da icterícia e, dependendo da intensidade da colestase, pode ocorrer hipo ou acolia fecal. O aparecimento da icterícia geralmente se acompanha de uma redução da febre e dos sintomas constitucionais.

DIAGNÓSTICO
- a alteração mais característica é a marcante elevação das aminotransferases ALT (TGP) e AST (TGO), que apresentam níveis acima de 10 vezes o limite superior da normalidade, refletindo a rápida e extensa necrose de hepatócitos. Nas hepatites virais, os níveis de ALT geralmente são mais elevados que os de AST.
- a fosfatase alcalina (FA) e a gama-glutamil-transferase (g-GT) podem sofrer discreta elevação, mas se mantêm geralmente abaixo de 3 vezes o limite superior da normalidade (valores acima deste nível podem, no entanto, ocorrer nas formas colestáticas da hepatite A).
- nas formas ictéricas de hepatite existem uma elevação da bilirrubina total, às custas predominantemente da fração direta ou conjugada. Excetuando-se as formas colestáticas de hepatite aguda, o nível de bilirrubina raramente excede 15mg/dL.
- nas hepatites agudas de evolução benigna, a função hepática não é afetada e, portanto, a albumina e a atividade de protrombina (AP) permanecem em níveis normais, traduzindo preservação da capacidade de síntese hepática. A redução dos níveis de albumina e AP, e o surgimento de encefalopatia, sinalizam evolução grave e, nestes casos, deve ser indicada hospitalização.

DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO
- marcador de infecção aguda em hepatite A: anti-HAV IgM (que já se encontra positivo no início do quadro clínico).
- marcador de infecção aguda em hepatite B: HBsAg e anti-HBc IgM (que surgem precocemente, antes do aparecimento da icterícia e da elevação das transaminases). O desaparecimento do HBsAg nos primeiros 6 meses é fundamental para a caracterização da cura.
- - o diagnóstico precoce de hepatite C depende basicamente da detecção do HCV-RNA, por biologia molecular. (o anticorpo anti-HCV se positiva tardiamente, em geral 6 a 8 semanas após o aparecimento do quadro clínico).

TRATAMENTO
- dieta sem restrições.
- repouso relativo até que as transaminases atinjam níveis abaixo de 2 vezes o limite superior da normalidade, quando o paciente pode ser liberado para as atividades habituais.
- abstinência alcoólica por até 6 meses após a normalização das transaminases.
- medicações sintomáticas.
- a única hepatite viral aguda para a qual existe recomendação de tratamento específico é a hepatite aguda C, pelo seu alto risco de cronificação, que pode ocorrer em até 85% dos casos.

CRITÉRIOS DE CURA
- hepatite A: - normalização dos níveis de ALT.
- a presença do anti-HAV IgG indica infecção pregressa curada e com imunidade.
- hepatite B:- normalização dos níveis de ALT.
- desaparecimento do HBsAg e surgimento do anti-ABs.
- hepatite C:- é difícil definir a cura.
- a cura se baseia essencialmente na negativação do HCV-RNA (comprovado através de exames periódicos de seguimento prolongado).

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HEPATITES CRÔNICAS (quadro clínico e diagnóstico)
- as hepatites crônicas se caracterizam por escassas manifestações clínicas. A fadiga é o sintoma mais freqüentemente referido.
- quando já em fase de cirrose, podem ocorrer sinais clínicos de insuficiência hepática (icterícia, teleangiectasias, eritema palmar, ginecomastia, atrofia de pelos, baqueteamento digital) e/ou hipertensão portal (circulação colateral, esplenomegalia) ou descompensação clínica com aparecimento de ascite ou encefalopatia hepática.
- o diagnóstico depende basicamente de exames complementares (provas de função hepática)
- os níveis de ALT/AST se mantêm em níveis pouco acima da normalidade, geralmente entre 1 e 5 vezes o limite superior da normalidade (caracterizando processo inflamatório prolongado com lesão do parênquima hepático.
- a biópsia hepática está indicada em todos os pacientes com aumento persistente de ALT. Só há indicação de tratamento para os pacientes que apresentam significativa necrose periportal (necrose em saca-bocado ou piecemeal necrosis).
- os parceiros sexuais e contactantes domiciliares de portadores de hepatite B devem ser submetidos à vacinação, se forem suscetíveis a esta infecção (anti-HBc e anti-HBs negativos).

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